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sábado, 3 de julho de 2010

O Espiritual, a Espiritualidade e o Espírito


No atual momento em que vive a Igreja e por consequencia a fé cristã ,cabe a nós como baluartes de uma reforma pela preservação de uma doutrina que sirva de alicerce seguro e saudável para nossos contemporâneos e também para as gerações vindouras, identificarmos, avaliarmos e tratarmos uma grande questão que tem passado despercebida em nossos púlpitos: a espiritualidade contemporânea.

Nos últimos trinta ou quarenta anos temos presenciados movimentos inúmeros que se propõem a pregar, ensinar, capacitar e até mesmo iniciar um avivamento na igreja cristã. Avivamento esse que é tido como uma ferramenta para libertação de uma geração mais do que nunca entregue e desafiada com a "iguarias de faraó". (Dn. 3)

Só que com a inocência, ou porque não dizer, ingenuidade, de buscar-se uma transformação que começa dentro do coração humano (no ato da regeneração) e alcança proporções globais (como o caso do avivamento na inglaterra no séc. XIX) só por meios horizontais e antropocentricos, muitos movimentos tidos como "avivalistas" não rompem as barreiras da mediocridade.

O que temos observado é que vários grupos ou movimento renovados e "cheios do Espírito", que mesclam técnicas de avivamento na igreja com estudos e dinâmicas de grupos para chegarem à seus fins, têm formado um quadro alarmante e difícil para o cenário da fé.

De um lado cria-se um gueto evangélico dos ditos "espirituais". Grupo esse formado por muitos esteriotipados que alegam não mais pertecerem a este mundo decaído, (por isso são apolíticos e aversos a qualquer manifestação cultural); que usam de uma série de regras e leis morais, comportamentais e religiosas para basearem a sua crença, usam também do quesito fé e poder de Deus como um amuleto para suas responsabilidades e decisões; geralmente formado por cristãos com processo de conversão dramática, ou pessoas que tem um histórico emocional bastante assimétrico, tendem a usar de jargões próprios, linguajar específico, estranho e unânime e na maioria da vezes entendem a realidade espiritual e a figura de Deus como um dos filmes de George Lucas, onde bem e mal estão se degladiando pela conquista da Força, e Deus e o Diabo são arqui-inimigos e vivem nesse dualismo de poder.

Para esses irmãos , os 'Espirituais', o relacionamento com Deus, o poder que um crente tem, e sua posição espiritual na maioria das vezes é medido pela altura de sua oração, pela quantidade de versículos bíblicos que ele decorou e também pela quantidade de restrições e negações ele faz em nome de sua fé, e quando afortunados, pela quantidade de demônios ele conhece e quantos já expulsou.

De outro lado, temos aqueles que geralmente se opõem a esse grupo, por entenderem uma espiritualidade deturpada que lhes fora apresentada no novo contexto eclesiastico brasileiro. Esse grupo é composto em sua maioria de pessoas que se converteram em igrejas/empresas e que nunca entenderam os limites da fé cristã. Confundem espiritualidade com espiritismo e imaginam um céu com uma porta muito larga em sua entrada. São crentes sem fundamento teológico e doutrinário, crentes com uma vida de oração que não passa pela contemplação e nem pela devoção, mas que em suas bíblias, geralmente fashions e em versões duvidosas e simplistas, tem todos os textos com promessas financeiras e de bençãos grifadas e até decoradas. Crentes que não se sentem desconfortáveis em compactuar com o pecado, desde que ele não atrapalhe o ativismo cristão desenvolvido, e também não se sentem mal quando misturam a fé cristã com crença popular ou mesmo rituais satanicos e macumbaria, contanto que se cumpram os textos grifados em sua bíblias.

Essa é a espitualidade moderna, espiritualidade longe da peregrinação interior em busca de transformação de mente, mudança de atitude, de caminho. Espiritualidade que se mistura à universalidade de adoração desrespeitosa e sem compromisso com Deus, que é capaz de adorar no culto dominical mas levar mensagem triunfalista barata em suas mensagens. Essa é a espiritualidade que temos presenciado.

Mas ainda bem que há o Espírito...
a pessoa da trindade que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo. Ele que é o agente sobrenatural na regeneração, batizando todos aqueles que são pertencentes do corpo de Cristo, e com tantas outras atribuições tão belamente definidas pelos teólogos compromissados com o Reino e na própria Escritura.

Este Espírito que tem se manifestado nos corações dos eleitos e feito com que o calor e o fervor da Palavra de Deus continue no coração da Santa Igreja, está pronto para alcançar os que são seus e transformar a nossa realidade espiritual.

Este Espirito é que, quando ouvido e respeitado, transformará crentes sem fundamento ou compromisso em cristãos autenticos, Ele converterá os corações maldosos e pecadores ao Senhor da Glória e demostrará o abismo que divide nosso Grande Eu Sou e Baal. Esse mesmo Espirito que consolará a Noiva e irá conduzi-la ao Noivo. Trará o verdadeiro avimamento que irá fazer com que o fogo arda continuamente sobre o altar e não se apague jamais. Daí então entenderemos que podemos sim ser Espirituais com uma Espiritualidade saudável guiada pelo Espírito de Deus.

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