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terça-feira, 4 de junho de 2013

::Emaús - da decepção à esperança::

Nos momentos de desesperança um lampejo de glória sempre surge para abrir os olhos entristecidos


Em Lucas, capítulo 24 a partir do versículo 13, o evangelista nos narra o episódio onde alguns discípulos caminham para a pequena cidade de Emaús e tem um encontro inusitado com o Cristo ressuscitado,  transformando a tristeza de seus corações em alegria ao ver o seu grande mestre agora vivo e cumprindo suas palavras.

Após o calvário, percebemos pelo enunciado dos evangelistas como fora tamanha a decepção de centenas de discípulos e curiosos que caminhavam com Jesus. Imagino que eles ao verem seu mestre exposto à vergonha da cruz, sendo torturado, escarnecido e teoricamente "derrotado" muitos caíram em profunda decepção, pois à vista da compreensão humana, Jesus fora derrotado pelos fariseus e pelo império romano. Ver ali exposto à maior humilhação que um judeu poderia enfrentar, aquele que prometera reconstruir o templo derrubado em três dias, foi um choque de realidade que com certeza causou muitas feridas nos corações outrora fervorosos.

Os dias após a crucificação foram dias tristes, pesados, cinzentos, onde a fé cristã estava abalada. O evento tomou conta de toda a cidade e todos comentavam a injustiça realizada contra Jesus (Lc 24.18) e seus seguidores, que agora se dispersavam da cidade com medo de que acontecesse com eles o mesmo que acontecera com seu mestre. Para muitos o sonho da redenção de Israel, do novo Reino de Deus havia acabado com a morte de seu Messias e fugir se tornava a única opção.

Mas a caminho de Emaús há um lampejo de esperança e um iluminar da graça do Senhor para animar o coração decepcionado e entristecido daqueles que acreditam em seu nome e um lampejo de glória surge para acender novamente a chama da esperança messiânica.

Jesus miraculosamente aparece na estrada de caminho a Emaús e procura ouvir do coração daqueles discípulos, o som da fé em seu nome.  Por isso Jesus não se revelou de início, ele queria ver se seus ensinamentos se arraigaram naqueles corações e então mostra a eles que tudo o que aconteceu fora da perfeita e maravilhosa vontade de Deus para que se cumprisse as escrituras. (Lc 24.25-26).

Há uma exposição por parte de Jesus do papel do Messias Sofredor que carregaria sobre si o pecado de toda a humanidade. Na percepção teológica de Jesus, seus discípulos deveriam compreender que o ministério messiânico passava pela via do Calvário, da dor e da morte, mas também da ressurreição.

Ao entardecer, já próximos de seus destinos, os discípulos convidaram aquele andarilho desconhecido para repousar com eles. A estrada de Emaús era uma estrada comercial que durante a noite se tornava perigosa com possíveis assaltos e presença de saqueadores e Jesus aceitou o convite para descansar com eles.

Lucas conta que após aquele homem orar agradecendo a Deus pelo alimento e parti-lo com os dois (uma prática judaica comum naquela época), seus olhos foram "abertos" e viram que seu mestre estava ali com eles, vivo, ressuscitado e cheio de graça e misericórdia. Mas por que só após esse partir do pão que eles "perceberam" Jesus?

Simples. Alguém que já sentou à mesa com Jesus e sentiu-se acolhido pela graça salvadora do Filho de Deus não esquece o poder da manifestação de tamanho amor em sua vida.

A perícope termina com o seguinte trecho: "Não estavam ardendo os nossos corações dentro de nós, enquanto ele nos falava no caminho e nos expunha as Escrituras? " Lc 24.32

Uma centelha de esperança se acende na fé daqueles dois, pois eles viram com seus próprios olhos que nem mesmo a morte pôde deter o poder e a autoridade de seu Cristo e eles ficaram maravilhados por saber que agora Jesus não estava mais naquele túmulo emprestado, mas sim, vivo e cheio de autoridade celestial, de uma glória digna do unigênito Filho de Deus.

Automaticamente eles fazem todo o caminho de volta, 11km, para contar a todos as boas-novas, mesmo sem se importar com o cansaço ou os perigos da estrada pois agora a esperança da glória lhes dava coragem, ânimo e fé.
Que Deus nos abençoe!

Texto publicado na íntegra na coluna Igreja do Portal Conectar

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